terça-feira, 3 de março de 2015

UM OLHAR SOBRE O PENSAR E O FAZER DOCENTE NA UNIVERSIDADE.

O ensino pós-modernidade vive grandes revoluções. Os caminhos das ciências também foram modificados e novas formas de lidar com as teorizações apareceram. São novas linguagens e possibilidades que nos obrigam a repensar práticas pedagógicas da educação infantil ao ensino superior. E se por um lado percebemos a que novas técnicas e tecnologias assumem um papel de destaque, por outro, percebe-se uma crise que se traduz na ruptura do modo de agir no cotidiano de muitas pessoas e ainda na necessidade de respeitar a diversidade, as diferenças, nas heterogeneidades e as desigualdades de oportunidades. Neste contexto, compreender os processos educacionais seja dos sistemas de ensino, seja nas escolas ou nas salas de aula constituem desafios constantes para qualquer estudioso da educação. No que tange a educação escolar nas salas de aula trata-se de perceber que todos os acontecimentos atuais afetam sua dinâmica de inúmeras formas. Observa-se no cotidiano universitário, que muitos professores repetem práticas ao longo dos anos e esquecem de rever suas estratégias de ensino. Dão pouca importância à didática e a prática reflexiva. Soma-se a isso, a entrada nesse mercado de profissionais que, por vezes, desconhecem os diferentes modos de ensinar e aprender. São altamente competentes no saber específico de suas disciplinas ou profissionais de excelência em sua área, mas que não possuem formação pedagógica e também não percebem sua importância no meio acadêmico. É mister que estes profissionais voltem a estudar e buscar uma formação pedagógica de qualidade. Com base em diversas teorias é importante frisar que a docência universitária precisa ser vista de forma abrangente e ser percebida como uma prática complexa que exige leituras culturais, políticas e pedagógicas respeitando os contextos vividos, os sujeitos envolvidos e os objetivos do ensino. É preciso considerar ainda que para trabalhar na docência superior, nestes novos tempos, não basta saber sobre o conteúdo. Trata-se de buscar envolver os alunos no mundo da pesquisa, da descoberta, da atividade de campo, das partilhas e disseminação dos saberes com a comunidade educativa. Entender que conteúdos são diferentes e precisam ser ensinados de forma diferentes. Assim, conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais estabelecem diferentes possibilidades de interações com os estudantes. Une-se a isso a necessidade ensinar como estudar, como aprender, como questionar, como lidar com o outro e com os limites e possibilidades de cada um.  De forma prática, ensinar na universidade vai requerer do professor desejo de (re)aprender. Buscar novas práticas, novas ações que o remetam a novas reflexões e, por conseguinte outras ações. Num processo dialético de busca, procura e aprendizagens. Finalizando, cabe a ideia do inacabado, do imperfeito e da procura atenta e sincera pela transformação. Para além dos limites que nos impedem existe a possibilidade de mudança impulsionada pelo desejo, pela vontade e acima de tudo pela necessidade de fazer diferente neste universo de constantes transformações. Mudar é possível e fortalece a esperança de uma educação de qualidade, de alma, de conhecimento e diferentes ações. 

          Denise Tinoco (Pedagoga e Professora Universitária)
                       Texto publicado no Jornal Folha da Manhã/Caderno Dois em 10 de setembro de 2014



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