O ensino pós-modernidade vive grandes
revoluções. Os caminhos das ciências também foram modificados e novas formas de
lidar com as teorizações apareceram. São novas linguagens e possibilidades que
nos obrigam a repensar práticas pedagógicas da educação infantil ao ensino
superior. E se por um lado percebemos a que novas técnicas e tecnologias
assumem um papel de destaque, por outro, percebe-se uma crise que se traduz na
ruptura do modo de agir no cotidiano de muitas pessoas e ainda na necessidade
de respeitar a diversidade, as diferenças, nas heterogeneidades e as
desigualdades de oportunidades. Neste contexto, compreender os processos
educacionais seja dos sistemas de ensino, seja nas escolas ou nas salas de aula
constituem desafios constantes para qualquer estudioso da educação. No que
tange a educação escolar nas salas de aula trata-se de perceber que todos os
acontecimentos atuais afetam sua dinâmica de inúmeras formas. Observa-se no
cotidiano universitário, que muitos professores repetem práticas ao longo dos
anos e esquecem de rever suas estratégias de ensino. Dão pouca importância à
didática e a prática reflexiva. Soma-se a isso, a entrada nesse mercado de
profissionais que, por vezes, desconhecem os diferentes modos de ensinar e
aprender. São altamente competentes no saber específico de suas disciplinas ou
profissionais de excelência em sua área, mas que não possuem formação
pedagógica e também não percebem sua importância no meio acadêmico. É mister que estes profissionais voltem a
estudar e buscar uma formação pedagógica de qualidade. Com base em diversas
teorias é importante frisar que a docência universitária precisa ser vista de
forma abrangente e ser percebida como uma prática complexa que exige leituras
culturais, políticas e pedagógicas respeitando os contextos vividos, os
sujeitos envolvidos e os objetivos do ensino. É preciso considerar ainda que
para trabalhar na docência superior, nestes novos tempos, não basta saber sobre
o conteúdo. Trata-se de buscar envolver os alunos no mundo da pesquisa, da
descoberta, da atividade de campo, das partilhas e disseminação dos saberes com
a comunidade educativa. Entender que conteúdos são diferentes e precisam ser
ensinados de forma diferentes. Assim, conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais estabelecem diferentes possibilidades de interações com os
estudantes. Une-se a isso a necessidade ensinar como estudar, como aprender,
como questionar, como lidar com o outro e com os limites e possibilidades de
cada um. De forma prática, ensinar na
universidade vai requerer do professor desejo de (re)aprender. Buscar novas
práticas, novas ações que o remetam a novas reflexões e, por conseguinte outras
ações. Num processo dialético de busca, procura e aprendizagens. Finalizando,
cabe a ideia do inacabado, do imperfeito e da procura atenta e sincera pela
transformação. Para além dos limites que nos impedem existe a possibilidade de
mudança impulsionada pelo desejo, pela vontade e acima de tudo pela necessidade
de fazer diferente neste universo de constantes transformações. Mudar é
possível e fortalece a esperança de uma educação de qualidade, de alma, de
conhecimento e diferentes ações.
Texto publicado no Jornal Folha da Manhã/Caderno Dois em 10 de setembro de 2014
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