Quando leio artigos, livros
ou quando preparo uma palestra, parece-me que tudo já foi dito sobre psicomotricidade
infantil. Lego engano! Se pensarmos sob esta ótica, estamos fadados ao fracasso
profissional em muitas áreas acadêmicas. Neste texto analiso a importância do
desenvolvimento da psicomotricidade na educação infantil e deixo algumas dicas
de atividades lúdicas, para trabalhar com os pequeninos. A psicomotricidade é
uma prática que contribui para o desenvolvimento da criança no processo de ensino-aprendizagem e que favorece o desenvolvimento saudável dos aspectos
físicos, mental, afetivo-emocional de sua personalidade, tornando-se fundamental
que desde muito cedo, o bebê receba estimulo externo. Como hoje, as crianças
chegam cada vez mais cedo nas salas das creches, estímulos que trabalhem aspectos
corporais e que exploram percepções musicais, olfativas, gustativas, espacial e
temporal, visuais, táteis, são essenciais para a maturação deste corpo, que aos
poucos se percebe no mundo e em contato com outros corpos no mundo. É desta
forma que a criança vai se fortalecendo e construindo sua imagem. Assim, por meio da troca
de olhares, toques e carinhos, primeiramente com os parentes (pais ou
responsáveis), depois com outras pessoas (professores, em especial), vão ampliando as suas
relações sociais no mundo. Não desmerecendo a influência de outros contextos
sociais no desenvolvimento infantil, sabe-se que a escola tem uma grande
responsabilidade no desenvolvimento da psicomotricidade das crianças pequenas. Desta
forma, a primeira etapa da educação básica, educação infantil, representa um
momento único e especial, que precisa ser compreendido pelo professor, como um momento propício para práticas responsáveis. Neste contexto, necessário fazer uma crítica
à desvalorização dos espaços físicos nas escolas de educação infantil
brasileira. Prédios de escolas adaptadas, com espaços pequenos, escuros, nem
sempre adequados à intenção de servir para a educação, quanto mais, para
propiciar o desenvolvimento infantil de forma integral. Tais espaços
negligenciam instalação de parques, hortas, jardins, pátios, quadras,
brinquedotecas e outros espaços de interação coletiva e de exploração da
psicomotricidade. Com certeza, fatores
pensados pelo leitor e que não foram contemplados nesta rápida análise, como
por exemplo, turmas superlotadas, acabam também por dificultar o
desenvolvimento da criança no espaço escolar. A educação psicomotora no
desenvolvimento integral de crianças precisa ser uma experiência ativa de
confrontação com o meio. Desta maneira, esse ensino segue uma perspectiva de
vivência vital ao desenvolvimento infantil. Nela, inscreve-se o papel de
escola, com seus métodos pedagógicos pautados na ludicidade, na renovação dos
fazeres que de forma contínua, possam ajudar a criança a desenvolver-se da
melhor maneira possível, utilizando inúmeros recursos visando uma vida plena em
sociedade. No cotidiano da educação infantil, existem, ainda, muitos outros
aspectos que limitam a fazer lúdico e o desenvolvimento das crianças no espaço
escolar. Outro ponto que merece nossa atenção é a falta de conexão entre os
discursos pedagógicos contidos nos projetos e propostas pedagógicas e o
cotidiano escolar. Nem sempre as escolas de educação infantil possuem visão do
que representam na sociedade em que estão inseridas. É comum, também,
percebermos a falta de clareza nos objetivos propostos em seus documentos
institucionais. Tudo isso, acaba por afetar o dia a dia do professor que nem
sempre recebe uma meta institucional clara, viável e bem fundamentada para executar
seu fazer docente. Por fim, o desenvolvimento da psicomotricidade é uma forma promoção
do desenvolvimento da criança e, por isso, sempre existirão possibilidades para
a realização de atividades psicomotoras em todo o tipo de espaço. Para os
espaços pequenos, os dirigentes escolares e professores, deverão, todos os
dias, arrumar e desarrumar o local, criando outros arranjos espaciais que
favoreçam práticas lúdicas. Já para os espaços impróprios será necessário buscar alternativas em quadras públicas, praças dos bairros e campinhos de futebol. Importante, também, lutar sempre por espaços que ajudem no desenvolvimento da psicomotricidade.
SUGESTÕES
DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS
PARA
CRIANÇAS PEQUENAS:
CRIANÇAS
DE 0 A 2 ANOS:
Com o bebê sentado ou em pé,
cruze os braços dele em volta do próprio peito, sempre se lembrando de relaxar
os ombros da criança. Mantenha-o nesta posição por 08 ou 10 segundos. Isso ajuda no
desenvolvimento da confiança e no equilíbrio e postura corporal.
Nesta faixa etária os
pequenos precisam experimentar. Então atividades com muito movimento como:
engatinhar, rolar, dar cambalhotas, balançar, correr, pular, andar para trás,
se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma
linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), subir e descer
escadas, soprar bolas de sabão, entre outras, são bem vindas e facilitarão o
processo de reconhecimento do corpo no mundo.
Contato com materiais
diversos como areia, grama, cordas, água... Sempre são prazerosos. Assim, como
pinturas com tintas caseiras e confecção de massinha de modelar artesanal.
Trabalhos com ritmos
diferentes são um atrativo a parte. Sons bruscos como buzinas, bichos, para
imitação farão sucesso, bem como diferentes estilos de música para ouvir e sentir com o corpo.
Conhecer o corpo do colega e
nele se reconhecer é uma tarefa fundamental nesta fase. Assim, atividades com
espelhos tem grande chance de agradar aos pequenos.
Nomear partes do próprio
corpo, do corpo dos colegas, do corpo de bonecos.
Jogar beijos para os
colegas. Soprar apitos e língua de sogra.
Experimentar coisas que têm
e que não tem gosto, provar alimentos em diferentes temperaturas, provar
alimentos fritos, assados, cozidos, crus. Provar alimentos sólidos, líquidos,
crocantes, macios, duros, tendo o devido cuidado com as restrições alimentares.
CRIANÇAS
DE 03 a 05 ANOS:
Já numa fase em que a função
simbólica está presente a criança gostará de brincar com músicas que façam
movimentos e remetam ao mundo da fantasia. Assim, o professor pode trabalhar
cantigas de roda e brinquedos cantados como: “A canoa virou”, “ De abóbora faz
melão”, “Se eu fosse peixinho”, ”Pedala, pedalinho”, “Fui ao Itororó”, dentre
outras maravilhas que temos na cultura popular.
Contar histórias que exijam
participação ativa das crianças por meio da imitação ou criação de sons e
movimentos como: “... entrou no quarto correndo e deu um grito...”, “soprou bem
forte.”
Andar sobre cordas, linhas
de giz riscadas no chão, passar por baixo da mesa, por cima do banco, ficar do
lado da colega que está com a fita vermelha na cabeça... Atividades que
trabalhem a lateralidade são muito importantes.
Soprar bexigas de
aniversário e depois não deixar a bola cair no chão. Oportunizam o trabalho de
equilíbrio e respiração, dentre outros.
Com o colega sobre uma folha
de papel pardo, o/a professor(a) orienta para que outro colega desenhe seu
perfil e depois, juntos e com matérias diversos: lã, papéis coloridos, areia,
cola, tesoura...Formarão um boneco.
Com tesoura apropriada para
o uso infantil, efetuar recortes de letras, gravuras de bichos, tipos de
casa... Colar em outra folha e continuar o desenho.
Exercícios cardiovasculares
como correr, pular, saltar... Exercícios com bola ajudam ao desenvolvimento de
resistência.
Soprar tinta em caixas de
plástico ou caixas de papelão. Além de uma obra de arte, o trabalho ajuda na
respiração e concentração.
Abraçar-se e abraçar o
colega. Ajuda a aumentar a flexibilidade e a tolerância.
Mover carrinhos rápida e
lentamente, seguindo instruções do professor. Andar pela sala e pelo pátio
seguindo a direção indicada por setas pintadas no chão são boas atividades de
orientação espacial.
Para desenvolver a
lateralidade coloque fitas amarelas no pulso e tornozelo do lado direito e
realizar exercícios que peçam movimentos como: erguer a mão direita, abaixar a
mão esquerda, erguer o braço direito e abaixar o esquerdo, etc.
Provar e comparar alimentos
da mesma cor, mas com sabores bem diferentes: sal, açúcar, farinha de trigo
comum, farinha de mandioca crua, respeitando as restrições alimentares das
crianças.
Com carinho,
Denise Tinoco