terça-feira, 14 de abril de 2015

FALANDO UM POUCO MAIS SOBRE PSICOMOTRICIDADE INFANTIL.

Quando leio artigos, livros ou quando preparo uma palestra, parece-me que tudo já foi dito sobre psicomotricidade infantil. Lego engano! Se pensarmos sob esta ótica, estamos fadados ao fracasso profissional em muitas áreas acadêmicas. Neste texto analiso a importância do desenvolvimento da psicomotricidade na educação infantil e deixo algumas dicas de atividades lúdicas, para trabalhar com os pequeninos. A psicomotricidade é uma prática que contribui para o desenvolvimento da criança no processo de ensino-aprendizagem e que favorece o desenvolvimento saudável dos aspectos físicos, mental, afetivo-emocional de sua personalidade,  tornando-se fundamental que desde muito cedo, o bebê receba estimulo externo. Como hoje, as crianças chegam cada vez mais cedo nas salas das creches, estímulos que trabalhem aspectos corporais e que exploram percepções musicais, olfativas, gustativas, espacial e temporal, visuais, táteis, são essenciais para a maturação deste corpo, que aos poucos se percebe no mundo e em contato com outros corpos no mundo. É desta forma que a criança vai se fortalecendo e construindo sua imagem. Assim, por meio da troca de olhares, toques e carinhos, primeiramente com os parentes (pais ou responsáveis), depois com outras pessoas (professores, em especial), vão ampliando as suas relações sociais no mundo. Não desmerecendo a influência de outros contextos sociais no desenvolvimento infantil, sabe-se que a escola tem uma grande responsabilidade no desenvolvimento da psicomotricidade das crianças pequenas. Desta forma, a primeira etapa da educação básica, educação infantil, representa um momento único e especial, que precisa ser compreendido pelo professor, como um momento  propício para práticas responsáveis. Neste contexto, necessário fazer uma crítica à desvalorização dos espaços físicos nas escolas de educação infantil brasileira. Prédios de escolas adaptadas, com espaços pequenos, escuros, nem sempre adequados à intenção de servir para a educação, quanto mais, para propiciar o desenvolvimento infantil de forma integral. Tais espaços negligenciam instalação de parques, hortas, jardins, pátios, quadras, brinquedotecas e outros espaços de interação coletiva e de exploração da psicomotricidade.  Com certeza, fatores pensados pelo leitor e que não foram contemplados nesta rápida análise, como por exemplo, turmas superlotadas, acabam também por dificultar o desenvolvimento da criança no espaço escolar. A educação psicomotora no desenvolvimento integral de crianças precisa ser uma experiência ativa de confrontação com o meio. Desta maneira, esse ensino segue uma perspectiva de vivência vital ao desenvolvimento infantil. Nela, inscreve-se o papel de escola, com seus métodos pedagógicos pautados na ludicidade, na renovação dos fazeres que de forma contínua, possam ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível, utilizando inúmeros recursos visando uma vida plena em sociedade. No cotidiano da educação infantil, existem, ainda, muitos outros aspectos que limitam a fazer lúdico e o desenvolvimento das crianças no espaço escolar. Outro ponto que merece nossa atenção é a falta de conexão entre os discursos pedagógicos contidos nos projetos e propostas pedagógicas e o cotidiano escolar. Nem sempre as escolas de educação infantil possuem visão do que representam na sociedade em que estão inseridas. É comum, também, percebermos a falta de clareza nos objetivos propostos em seus documentos institucionais. Tudo isso, acaba por afetar o dia a dia do professor que nem sempre recebe uma meta institucional clara, viável e bem fundamentada para executar seu fazer docente. Por fim, o desenvolvimento da psicomotricidade é uma forma promoção do desenvolvimento da criança e, por isso, sempre existirão possibilidades para a realização de atividades psicomotoras em todo o tipo de espaço. Para os espaços pequenos, os dirigentes escolares e professores, deverão, todos os dias, arrumar e desarrumar o local, criando outros arranjos espaciais que favoreçam práticas lúdicas. Já para os espaços impróprios será necessário buscar alternativas em quadras públicas, praças dos bairros e campinhos de futebol. Importante, também, lutar sempre por espaços que ajudem no desenvolvimento da psicomotricidade.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS
PARA CRIANÇAS PEQUENAS:

CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS:
Com o bebê sentado ou em pé, cruze os braços dele em volta do próprio peito, sempre se lembrando de relaxar os ombros da criança. Mantenha-o nesta posição por  08 ou 10 segundos. Isso ajuda no desenvolvimento da confiança e no equilíbrio e postura corporal.
Nesta faixa etária os pequenos precisam experimentar. Então atividades com muito movimento como: engatinhar, rolar, dar cambalhotas, balançar, correr, pular, andar para trás, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), subir e descer escadas, soprar bolas de sabão, entre outras, são bem vindas e facilitarão o processo de reconhecimento do corpo no mundo.
Contato com materiais diversos como areia, grama, cordas, água... Sempre são prazerosos. Assim, como pinturas com tintas caseiras e confecção de massinha de modelar artesanal.
Trabalhos com ritmos diferentes são um atrativo a parte. Sons bruscos como buzinas, bichos, para imitação farão sucesso, bem como diferentes estilos de música para  ouvir e sentir com o corpo.
Conhecer o corpo do colega e nele se reconhecer é uma tarefa fundamental nesta fase. Assim, atividades com espelhos tem grande chance de agradar aos pequenos.
Nomear partes do próprio corpo, do corpo dos colegas, do corpo de bonecos.
Jogar beijos para os colegas. Soprar apitos e língua de sogra.
Experimentar coisas que têm e que não tem gosto, provar alimentos em diferentes temperaturas, provar alimentos fritos, assados, cozidos, crus. Provar alimentos sólidos, líquidos, crocantes, macios, duros, tendo o devido cuidado com as restrições alimentares.

CRIANÇAS DE 03 a 05 ANOS:
Já numa fase em que a função simbólica está presente a criança gostará de brincar com músicas que façam movimentos e remetam ao mundo da fantasia. Assim, o professor pode trabalhar cantigas de roda e brinquedos cantados como: “A canoa virou”, “ De abóbora faz melão”, “Se eu fosse peixinho”, ”Pedala, pedalinho”, “Fui ao Itororó”, dentre outras maravilhas que temos na cultura popular.
Contar histórias que exijam participação ativa das crianças por meio da imitação ou criação de sons e movimentos como: “... entrou no quarto correndo e deu um grito...”, “soprou bem forte.”
Andar sobre cordas, linhas de giz riscadas no chão, passar por baixo da mesa, por cima do banco, ficar do lado da colega que está com a fita vermelha na cabeça... Atividades que trabalhem a lateralidade são muito importantes.
Soprar bexigas de aniversário e depois não deixar a bola cair no chão. Oportunizam o trabalho de equilíbrio e respiração, dentre outros.
Com o colega sobre uma folha de papel pardo, o/a professor(a) orienta para que outro colega desenhe seu perfil e depois, juntos e com matérias diversos: lã, papéis coloridos, areia, cola, tesoura...Formarão um boneco.
Com tesoura apropriada para o uso infantil, efetuar recortes de letras, gravuras de bichos, tipos de casa... Colar em outra folha e continuar o desenho.
Exercícios cardiovasculares como correr, pular, saltar... Exercícios com bola ajudam ao desenvolvimento de resistência.
Soprar tinta em caixas de plástico ou caixas de papelão. Além de uma obra de arte, o trabalho ajuda na respiração e concentração.
Abraçar-se e abraçar o colega. Ajuda a aumentar a flexibilidade e a tolerância.
Mover carrinhos rápida e lentamente, seguindo instruções do professor. Andar pela sala e pelo pátio seguindo a direção indicada por setas pintadas no chão são boas atividades de orientação espacial.
Para desenvolver a lateralidade coloque fitas amarelas no pulso e tornozelo do lado direito e realizar exercícios que peçam movimentos como: erguer a mão direita, abaixar a mão esquerda, erguer o braço direito e abaixar o esquerdo, etc.
Provar e comparar alimentos da mesma cor, mas com sabores bem diferentes: sal, açúcar, farinha de trigo comum, farinha de mandioca crua, respeitando as restrições alimentares das crianças.
                                                                                                                             
                                                                                                                            Com carinho,
 Denise Tinoco





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