BULLYING
- PREVENÇÃO NAS ESCOLAS
Por Denise Tinoco
Denise Tinoco é Professora de Educação Básica
e Pedagoga Estatutária da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, Professora
Universitária da Universidade Estácio de Sá e Bolsista UAB- Tutoria de
Licenciaturas do CEDERJ/UAB. Especialista em Educação Infantil e Especialista
em Psicopedagogia. Contato: denise.tinoco@bol.com.br
Toda forma de preconceito, intriga,
injúria e agressividade verbal, virtual ou física afeta os dois lados
envolvidos. Muitas vezes, diante deste problema, família e escola ficam
extremamente, pressionadas e envolvidas com as crianças ou jovens que sofreram
a ação. Pela dor visível, ou pela pressão do ato gerado, todas às ações urgem por
respostas. Pesquisas apontam que muitas crianças e jovens que praticam bullying, também sofreram ou sofrem bullying em casa ou na escola, em diversos
contextos. Aprender a lidar com a dor é necessário, exige amorosidade, diálogo,
espaço para sentimentos presos, muitas vezes em um corpo repleto de marcas
psicológicas e físicas. Exige participação de diferentes profissionais dispostos
a exercer um trabalho sério, sistemático de médio e longo prazo. Desde
pequenos, precisamos preparar pessoas para conviver em sociedade, dentro de um
clima de respeito e autoconhecimento.
Mas é preciso ir além, necessário,
portanto, pensar em trabalhos preventivos de conscientização, estudo, agregando
valores como conhecimentos educativos, legais e jurídicos. Diversas pesquisas
mostram que meninos e meninas praticam violência de formas diferentes. É comum
vermos meninos praticando bullying
que envolvem agressões físicas e verbais. Reforçam características pessoais e
praticam as ações, geralmente em grupos. Já as meninas, buscam evidenciar na
vítima, características sociais, fraquezas e traços da personalidade. Tratam-se,
muitas vezes, de agressões veladas, anônimas, e recentemente, as pesquisas
demostraram que as meninas cometem mais injúrias virtuais. Entretanto, veremos,
também, meninas em brigas públicas, puxando os cabelos, gritando... Mas, desejam,
acima de tudo, naquele momento, chamar a atenção, segundo, alguns dados destas
pesquisas.
De tudo, uma certeza: Toda forma
de bullying é perversa, pois afeta um
indivíduo em formação. Feito em um ambiente educativo pode criar na vítima um
sentimento de constrangimento, aceitação da negação, pois algumas vítimas chegam
a concordar com a agressão. No âmbito da saúde física e emocional, podemos
destacar o aparecimento da baixa na resistência imunológica. Em muitos casos é
comum percebemos baixa autoestima e stress
diante de ações cotidianas, principalmente quando tem que conviver com os
agressores. Sintomas mais graves podem aparecer, sendo possível perceber, por
profissionais habilitados, os sintomas psicossomáticos, transtornos
psicológicos, fobia e até depressão. As marcas também são tangíveis para os
"agressores", quando se percebe a falta de adaptação aos objetivos
escolares e a supervalorização da violência. Existem formas de bullying difíceis de serem descobertas e
trabalhadas pelos familiares ou pela escola. Portanto, atenção, prevenção,
diálogo, envolvimento em ações sociais, punição(na forma da Lei), são propostas
importantes neste contexto.
Muito difícil prever situações onde
o bullying poderá ocorrer. Na minha
experiência, já verifiquei bullying
praticado pelo professor, pela pedagoga, pela mãe e por colegas. Se existir
possibilidade de escolha, os pais devem ficar atentos na hora de escolher uma
escola. Valores, proposta pedagógica, missão da instituição devem fazer parte
da escolha da família. Mas, nem sempre tal escolha é possível, assim, ficar
atento as mudanças de comportamento do seu/sua filho(a), ao cotidiano escolar
do(a) filho(a), trabalhar o uso do espaço virtual com responsabilidade, buscar co-participação nos projetos da escola, buscar conhecer
os colegas e o que fazem os colegas e seu/sua filho(a), fora do horário
escolar, também é uma responsabilidade da família.
Sabe-se que a violência ganhou proporções
consideráveis nos últimos anos, podemos evidenciar situações sociais diversas,
onde destacamos as desigualdades sociais, intolerância religiosa, de sexo ou
gênero, a falta de aceitação dos novos arranjos familiares, a inversão de
valores éticos e falta de tolerância com o diferente de nós. Na escola podemos
somar estas questões, aos modelos disciplinares ultrapassados, individualistas
e manipuladores que muitos educadores reproduzem no seu cotidiano. Diante de tais
constatações o bullying tornou-se uma
forma de violência comum e por vezes, de forma errada, aceitável, dentro das
escolas. Mesmo sabendo que é errado, ainda vemos apelidos vexatórios, piadas
constrangedoras e ações que conflitam com o papel formador e transformador que
a escola deveria exercer na sociedade. Estas manifestações de violência que
ocorrem no interior das escolas precisam ser tratadas e banidas do nosso convívio,
pois as marcas podem ficar para sempre no corpo e na alma de um agredido. Insegurança,
depressão, fobia social fazem parte deste quadro na fase adulta. Porém, pesquisas
apontam que, muitas vezes, se não tratados as marcas do bullying podem virar tirania nas futuras ações sociais. Chefes
agressivos, que subestimam seus colegas, que realizam assédios morais,
geralmente possuem históricos de bullying
na infância. Dificuldade de convivência social, dificuldade de aceitação e
condutas não aceitáveis nos meios sociais, também são características comuns na
fase adulta.
É imperativo! As instituições
escolares precisam ser vistas e repensadas como espaços coletivos onde
habilidades e ações educativas positivas ganhem vez e voz! Escolas são espaços
para crescimento cognitivo, afetivo e também relacional. Partindo desta premissa,
existem várias frentes que precisam ser abertas e fortalecidas e, neste
sentido, destacam-se algumas: Formação continuada para os profissionais da
educação, a aceitação e co-participação positiva dos diferentes arranjos
familiares na escola, desenvolvimento de projetos sociais que envolvam os
diferentes atores sociais da instituição com a comunidade, um projeto
pedagógico inclusivo capaz de oportunizar a aprendizagem a todos, além da
gestão consciente e democrática. Na atualidade o bullying praticado das mais diferentes vertentes, pode ser
comprovado, ser considerado crime. Mas, antes de tudo, precisamos combate-lo
com conscientização legal e com aplicação de punições possíveis. De forma
concreta, destacamos algumas ações:
- Exibição de filmes sobre
temas atuais, seguidos de debates;
- Aplicação de dinâmicas de
grupos com produção de textos conclusivos, hipertextos, paródias que tratem
sobre temas como: Combate a violência, agressividade, uso de drogas, reflexões
sobre o uso do poder, fama, dentre outros temas.
- Ciclos de Palestras, com
pais, familiares, profissionais liberais.
- Estudo de Casos sobre Bullying.
- Leituras de diferentes
textos, charges, poemas, músicas, sobre o assunto.
-Envolvimento das crianças e
jovens em Campanhas Sociais.
- Prática de Esportes
coletivos, danças e outras formas de expressão que impliquem convivência saudável.
- Socialização de
depoimentos de pessoas que sofreram com o Bullying.
- Encontros com Advogados, Comissários
da Infância, Psicologos, Assistentes Sociais, Pedagogos capazes de falar sobre
o tema pelas mais variáveis vertentes.
Enfim, aliando a disseminação do conhecimento
acadêmico, trabalhando em busca de mudanças de comportamento nas relações,
cobrando a ampla aplicação das Leis e, acima de tudo, torcendo para que cada um,
em sociedade, colabore com os novos tempos, será possível viver em uma
sociedade mais justa, fraterna, inclusiva e feliz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário