quinta-feira, 17 de novembro de 2016

BULLYING - PREVENÇÃO E SUGESTÕES DE AÇÕES PARA A ESCOLA





BULLYING - PREVENÇÃO NAS ESCOLAS
                                                                                              
                                                                                                 
                                                                             Por Denise Tinoco
 Denise Tinoco é Professora de Educação Básica e Pedagoga Estatutária da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, Professora Universitária da Universidade Estácio de Sá e Bolsista UAB- Tutoria de Licenciaturas do CEDERJ/UAB. Especialista em Educação Infantil e Especialista em Psicopedagogia. Contato: denise.tinoco@bol.com.br

            Toda forma de preconceito, intriga, injúria e agressividade verbal, virtual ou física afeta os dois lados envolvidos. Muitas vezes, diante deste problema, família e escola ficam extremamente, pressionadas e envolvidas com as crianças ou jovens que sofreram a ação. Pela dor visível, ou pela pressão do ato gerado, todas às ações urgem por respostas. Pesquisas apontam que muitas crianças e jovens que praticam bullying, também sofreram ou sofrem bullying em casa ou na escola, em diversos contextos. Aprender a lidar com a dor é necessário, exige amorosidade, diálogo, espaço para sentimentos presos, muitas vezes em um corpo repleto de marcas psicológicas e físicas. Exige participação de diferentes profissionais dispostos a exercer um trabalho sério, sistemático de médio e longo prazo. Desde pequenos, precisamos preparar pessoas para conviver em sociedade, dentro de um clima de respeito e autoconhecimento.
             Mas é preciso ir além, necessário, portanto, pensar em trabalhos preventivos de conscientização, estudo, agregando valores como conhecimentos educativos, legais e jurídicos. Diversas pesquisas mostram que meninos e meninas praticam violência de formas diferentes. É comum vermos meninos praticando bullying que envolvem agressões físicas e verbais. Reforçam características pessoais e praticam as ações, geralmente em grupos. Já as meninas, buscam evidenciar na vítima, características sociais, fraquezas e traços da personalidade. Tratam-se, muitas vezes, de agressões veladas, anônimas, e recentemente, as pesquisas demostraram que as meninas cometem mais injúrias virtuais. Entretanto, veremos, também, meninas em brigas públicas, puxando os cabelos, gritando... Mas, desejam, acima de tudo, naquele momento, chamar a atenção, segundo, alguns dados destas pesquisas.
             De tudo, uma certeza: Toda forma de bullying é perversa, pois afeta um indivíduo em formação. Feito em um ambiente educativo pode criar na vítima um sentimento de constrangimento, aceitação da negação, pois algumas vítimas chegam a concordar com a agressão. No âmbito da saúde física e emocional, podemos destacar o aparecimento da baixa na resistência imunológica. Em muitos casos é comum percebemos baixa autoestima e stress diante de ações cotidianas, principalmente quando tem que conviver com os agressores. Sintomas mais graves podem aparecer, sendo possível perceber, por profissionais habilitados, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, fobia e até depressão. As marcas também são tangíveis para os "agressores", quando se percebe a falta de adaptação aos objetivos escolares e a supervalorização da violência. Existem formas de bullying difíceis de serem descobertas e trabalhadas pelos familiares ou pela escola. Portanto, atenção, prevenção, diálogo, envolvimento em ações sociais, punição(na forma da Lei), são propostas importantes neste contexto.
           Muito difícil prever situações onde o bullying poderá ocorrer. Na minha experiência, já verifiquei bullying praticado pelo professor, pela pedagoga, pela mãe e por colegas. Se existir possibilidade de escolha, os pais devem ficar atentos na hora de escolher uma escola. Valores, proposta pedagógica, missão da instituição devem fazer parte da escolha da família. Mas, nem sempre tal escolha é possível, assim, ficar atento as mudanças de comportamento do seu/sua filho(a), ao cotidiano escolar do(a) filho(a), trabalhar o uso do espaço virtual com responsabilidade, buscar co-participação nos projetos da escola, buscar conhecer os colegas e o que fazem os colegas e seu/sua filho(a), fora do horário escolar, também é uma responsabilidade da família.

            Sabe-se que a violência ganhou proporções consideráveis nos últimos anos, podemos evidenciar situações sociais diversas, onde destacamos as desigualdades sociais, intolerância religiosa, de sexo ou gênero, a falta de aceitação dos novos arranjos familiares, a inversão de valores éticos e falta de tolerância com o diferente de nós. Na escola podemos somar estas questões, aos modelos disciplinares ultrapassados, individualistas e manipuladores que muitos educadores reproduzem no seu cotidiano. Diante de tais constatações o bullying tornou-se uma forma de violência comum e por vezes, de forma errada, aceitável, dentro das escolas. Mesmo sabendo que é errado, ainda vemos apelidos vexatórios, piadas constrangedoras e ações que conflitam com o papel formador e transformador que a escola deveria exercer na sociedade. Estas manifestações de violência que ocorrem no interior das escolas precisam ser tratadas e banidas do nosso convívio, pois as marcas podem ficar para sempre no corpo e na alma de um agredido. Insegurança, depressão, fobia social fazem parte deste quadro na fase adulta. Porém, pesquisas apontam que, muitas vezes, se não tratados as marcas do bullying podem virar tirania nas futuras ações sociais. Chefes agressivos, que subestimam seus colegas, que realizam assédios morais, geralmente possuem históricos de bullying na infância. Dificuldade de convivência social, dificuldade de aceitação e condutas não aceitáveis nos meios sociais, também são características comuns na fase adulta.

           É imperativo! As instituições escolares precisam ser vistas e repensadas como espaços coletivos onde habilidades e ações educativas positivas ganhem vez e voz! Escolas são espaços para crescimento cognitivo, afetivo e também relacional. Partindo desta premissa, existem várias frentes que precisam ser abertas e fortalecidas e, neste sentido, destacam-se algumas: Formação continuada para os profissionais da educação, a aceitação e co-participação positiva dos diferentes arranjos familiares na escola, desenvolvimento de projetos sociais que envolvam os diferentes atores sociais da instituição com a comunidade, um projeto pedagógico inclusivo capaz de oportunizar a aprendizagem a todos, além da gestão consciente e democrática. Na atualidade o bullying praticado das mais diferentes vertentes, pode ser comprovado, ser considerado crime. Mas, antes de tudo, precisamos combate-lo com conscientização legal e com aplicação de punições possíveis. De forma concreta, destacamos algumas ações:
- Exibição de filmes sobre temas atuais, seguidos de debates;
- Aplicação de dinâmicas de grupos com produção de textos conclusivos, hipertextos, paródias que tratem sobre temas como: Combate a violência, agressividade, uso de drogas, reflexões sobre o uso do poder, fama, dentre outros temas.
- Ciclos de Palestras, com pais, familiares, profissionais liberais.
- Estudo de Casos sobre Bullying.
- Leituras de diferentes textos, charges, poemas, músicas, sobre o assunto.
-Envolvimento das crianças e jovens em Campanhas Sociais.
- Prática de Esportes coletivos, danças e outras formas de expressão que impliquem convivência saudável.
- Socialização de depoimentos de pessoas que sofreram com o Bullying.
- Encontros com Advogados, Comissários da Infância, Psicologos, Assistentes Sociais, Pedagogos capazes de falar sobre o tema pelas mais variáveis vertentes.

            Enfim, aliando a disseminação do conhecimento acadêmico, trabalhando em busca de mudanças de comportamento nas relações, cobrando a ampla aplicação das Leis e, acima de tudo, torcendo para que cada um, em sociedade, colabore com os novos tempos, será possível viver em uma sociedade mais justa, fraterna, inclusiva e feliz!


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