terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

 RUA DE LAZER: Um espaço lúdico em prol do desenvolvimento infantil.
 A IDEIA NÃO É NOVA E O CONCEITO NÃO É MEU, MAS SE VOCÊ ERA CRIANÇA NA DÉCADA DE 70 E 80, COM CERTEZA BRINCOU NUMA DESTAS RUAS EM SUA CIDADE!

           Nunca fui magrinha, Nunca! Que fique claro, também, que na minha casa só tinha refrigerante em dia de festa. Doce era de vez em quando e a comida era feita de forma simples e pouco condimentada. Durante minha infância fiz muitas atividades coletivas e algumas custeadas pelo poder público, pois eram oferecidos à população infantil em minha cidade. Por isso, fiz natação, brinquei de bola, andei de bicicleta, joguei queimada, pique bandeira e pique pega. Cantei em muitas rodas, com brinquedos cantados e cantigas “do tempo do onça”.  Fiz teatro infantil no Palácio da Cultura e, por lá, também, tive aula de pintura.
             Diferente desta época, o que vemos hoje são governantes de muitas cidades que investem pouco no lazer das crianças e dos jovens. Como consequência percebemos crianças e jovens com poucas habilidades sociais, por vezes com pouco domínio de oratória e raciocínio lógico ou, ainda, sem respeito à diversidade. Sendo comum, neste contexto, encontrarmos crianças e jovens envolvidos em confusão (desde bem novinhos!).
              Concomitante a esta situação, vivemos em um tempo que crianças vivem grudadinhas em smartphones, tablet's, TV. Onde o sedentarismo já modificou o seu corpo e os pequenos sofrem com a obesidade infantil. Soma-se a esta questão, o pouco investimento das escolas públicas e privadas em espaços coletivos e lúdicos e que, também, não organizam atividades recreativas e coletivas em seu cotidiano. Cantinas escolares e restaurantes também são os vilões desta garotada. Não podemos esquecer a omissão familiar. Adultos, cada vez mais desconectados do mundo infantil, oferecem comida pronta congelada ou produtos condimentados e artificiais como primeira opção para seus filhos. E assim, cada vez mais apressados e distantes da educação integral dos pequenos, os adultos os confortam com doces, chocolates, batatas frita e muita ausência, falta de disciplina e amor.
              O sono também ganha destaque nesta reflexão, pois encontramos crianças que dormem à meia noite (ou mais tarde ainda) e não conseguem levantar cedo.
           Diante de tudo que foi exposto, acreditando que a brincadeira é uma linguagem universal capaz de interferir positivamente na promoção do desenvolvimento infantil, vale a pena a reflexão: Por onde brincam nossas crianças? Com quem brincam nossas crianças? De que brincam nossas crianças? Faltam parques, espaços abertos e seguros, pessoas para monitorarem as brincadeiras. Faltam, ainda, materiais e tempo para que isso tudo aconteça.
               Em diferentes lugares do Brasil, poder público e sociedade civil  começaram a repensar esta situação. Organizam “Ruas de lazer”. Estes espaços estão reaparecendo como atividade social, de responsabilidade pública, onde o poder público municipal e sociedade civil organizam o espaço, com a ajuda de Associações, fundações, empresários, sindicatos e da polícia militar. Disponibilizam profissionais, materiais e providenciam a segurança e mobilizam a população do bairro ou daquela rua.  Por lá, as crianças se encontram mediadas por professores de educação física, recreadores, animadores culturais e professores de arte. São convidadas a brincar com argila, tintas, corda, jogar bola, xadrez, botão, queimada, piques diversos. Por um tempo determinado, trabalham em grupo, constroem regras, brincam de roda e disseminam a cultura popular. Neste espaço se encontram e se reconhecem na ludicidade!
             Assim, num curto espaço de tempo perceberemos que as crianças estarão se movimentando mais, brincando mais e buscarão integração. Em longo prazo todos sairemos vencedores! Teremos sistematizado a prevenção de doenças, combate a obesidade e ao sedentarismo infantil. Bem como, ajudaremos a formar uma geração mais dinâmica, amável e tolerante!