RUA DE LAZER: Um espaço lúdico em prol do desenvolvimento infantil.
A IDEIA NÃO É NOVA E O CONCEITO NÃO É MEU, MAS
SE VOCÊ ERA CRIANÇA NA DÉCADA DE 70 E 80, COM CERTEZA BRINCOU NUMA DESTAS RUAS
EM SUA CIDADE!
Nunca fui magrinha, Nunca! Que fique
claro, também, que na minha casa só tinha refrigerante em dia de festa. Doce
era de vez em quando e a comida era feita de forma simples e pouco condimentada.
Durante minha infância fiz muitas atividades coletivas e algumas custeadas pelo
poder público, pois eram oferecidos à população infantil em minha cidade. Por
isso, fiz natação, brinquei de bola, andei de bicicleta, joguei queimada, pique
bandeira e pique pega. Cantei em muitas rodas, com brinquedos cantados e
cantigas “do tempo do onça”. Fiz teatro infantil
no Palácio da Cultura e, por lá, também, tive aula de pintura.
Diferente desta época, o que vemos
hoje são governantes de muitas cidades que investem pouco no lazer das crianças
e dos jovens. Como consequência percebemos crianças e jovens com poucas
habilidades sociais, por vezes com pouco domínio de oratória e raciocínio
lógico ou, ainda, sem respeito à diversidade. Sendo comum, neste contexto,
encontrarmos crianças e jovens envolvidos em confusão (desde bem novinhos!).
Concomitante a esta situação,
vivemos em um tempo que crianças vivem grudadinhas em smartphones, tablet's, TV. Onde o sedentarismo já modificou o seu
corpo e os pequenos sofrem com a obesidade infantil. Soma-se a esta questão, o
pouco investimento das escolas públicas e privadas em espaços coletivos e
lúdicos e que, também, não organizam atividades recreativas e coletivas em seu
cotidiano. Cantinas escolares e restaurantes também são os vilões desta garotada.
Não podemos esquecer a omissão familiar. Adultos, cada vez mais desconectados
do mundo infantil, oferecem comida pronta congelada ou produtos condimentados e
artificiais como primeira opção para seus filhos. E assim, cada vez mais
apressados e distantes da educação integral dos pequenos, os adultos os
confortam com doces, chocolates, batatas frita e muita ausência, falta de disciplina
e amor.
O sono também ganha destaque
nesta reflexão, pois encontramos crianças que dormem à meia noite (ou mais
tarde ainda) e não conseguem levantar cedo.
Diante de tudo que foi exposto, acreditando
que a brincadeira é uma linguagem universal capaz de interferir positivamente
na promoção do desenvolvimento infantil, vale a pena a reflexão: Por onde
brincam nossas crianças? Com quem brincam nossas crianças? De que brincam
nossas crianças? Faltam parques, espaços abertos e seguros, pessoas para
monitorarem as brincadeiras. Faltam, ainda, materiais e tempo para que isso
tudo aconteça.
Em diferentes lugares do Brasil,
poder público e sociedade civil começaram a repensar esta situação. Organizam “Ruas
de lazer”. Estes espaços estão reaparecendo como atividade social, de
responsabilidade pública, onde o poder público municipal e sociedade civil organizam
o espaço, com a ajuda de Associações, fundações, empresários, sindicatos e da
polícia militar. Disponibilizam profissionais, materiais e providenciam a
segurança e mobilizam a população do bairro ou daquela rua. Por lá, as crianças se encontram mediadas por
professores de educação física, recreadores, animadores culturais e professores
de arte. São convidadas a brincar com argila, tintas, corda, jogar bola,
xadrez, botão, queimada, piques diversos. Por um tempo determinado, trabalham
em grupo, constroem regras, brincam de roda e disseminam a cultura popular.
Neste espaço se encontram e se reconhecem na ludicidade!
Assim, num curto espaço de tempo
perceberemos que as crianças estarão se movimentando mais, brincando mais e
buscarão integração. Em longo prazo todos sairemos vencedores! Teremos sistematizado
a prevenção de doenças, combate a obesidade e ao sedentarismo infantil. Bem
como, ajudaremos a formar uma geração mais dinâmica, amável e tolerante!